Escrever em quatrocentos e cinqüenta pés

Escrever a bordo de um iate de 450 pés

que comprou com a sobra do jantar

do teu cachorro

é diferente de escrever

com os centavos surrados e malhados

na academia da sobrevivência diária.

A poesia se faz diferente.

Sente-se aquilo que agarra à carne

e afinca-se lentamente.

Não que a dor se faz necessária

(A vida anestesia a própria vida.)

Mas em algo sempre se acredita.

Santo emprego de uma santa mão conhecida.

Santo amor que pergunta e questiona.

Dúvida, mas não a réplica.

E o amor?

Este amor fácil e barato

que as vezes custa mais caro que o iate de 450 pés.