A certeza de não te encontrar...

Fallita,

para onde meus olhos se dirigem,

há o que devia haver,

e um não sei o quê, como pássaro sonoro

pousa no meu coração...

Mas não há desespero, não existe isso mais,

há compreensão, a experiência de quem,

já é antigo, serve, nessas horas de sonhos,

de companheira finda.

E quem olha a estrada vazia

não tem mais surpresas

porque aprendeu a não desejar,

a querer somente o possível,

o resto é sofrer...

Eu sinto sua falta

e as árvores, já que você não vem,

serão minhas companheiras.

Tenho muitos amigos,

pássaros e pedras cantam no meu silencio.

eu sei calar,

mas maviosas músicas vêm

das florestas do meu alheamento,

entre as árvores antigas o ar dança,

e o som que ouço é a de uma multidão de anjos...

Todavia, mais importante que isso,

aprendi a ouvir, apreendi o idioma das coisas,

por isso vejo em tudo

o écran onde a felicidade está de modo invisível projetada.

Como quem tem sede

e toma a decisão de ir

seguindo sua intuição mais pura

como se perseguisse o cheiro da água,

é preciso também ter olhos para ver,

e sentidos para sentir,

principalmente sentidos dilatados,

amplamente dilatados,

e mãos extra-etéreas para tocar a matéria dessa felicidade

que banha o mundo e todas as suas coisas,

das mais simples formas,

aos mais complexos seres,

pois tudo é de uma, uma coisa só...

Apesar de tudo, no meu coração

no universo dos universos que há em mim,

num deles um vazio grita, e grita porque sinto sua falta...

Todos têm o direito de sentir alguma falta

do que quer seja, desde a coisa mais chula,

até o amor mais impossível,

mas isso não é uma questão de escolha, a gente sente,

e sentir, em si só, já é de extrema nobreza...

Entre tantas coisas que me ocupam a mente o tempo todo,

neste momento exato,

nada mais me é mais presente

que o vazio que os meus olhos conseguem admirar,

a falta, o abismo onde te procuro com um olhar de ancião

com a certeza de que não vou te encontrar...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 04/03/2008
Reeditado em 04/03/2013
Código do texto: T886907
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