Sonho infecundo
Fitar os olhos brilhantes dos meus amores
Tocar a face enrubescida e molhada de lágrimas.
Sentir o corpo morno envolvido em mim num abraço.
Ter na boca a textura de algum lábio.
Renuncio os meus sonhos!
Deixo para trás a ilusão do amor.
A visão do seio palpitante e cândido
O toque das mãos trêmulas em meu corpo.
Não vou mais pensar,
O amor não entra mais em mim
Meu coração rejeita o fruto de uma dor futura.
Não quero mais chorar junto à donzela,
Nem sentir a dor dela em mim,
Nem a alegria de revê-la.
Não mais anseio um encontro primaveril
Não quero os dedos nos meus
Nem o adeus precedido de uma angustia.
Aborto a semente da paixão
E esqueço a batida no portão.
Pegarei o barco da evasão á destino da solidão
Deixo a voz suave ao vento
E o perfume fresco as árvores.
O “eu te amo” fica para outrem que ficará em meu lugar.
Sonho que não permaneceu
Que acabou e revelou ser tão amargo como os passados.
Sonhos de menina
Que não acredita em amor.
18/04/08