À REVELIA
A dor que se debruça em meus olhos vermelhos
Senta-se no batente da desesperança
Sentindo a tua falta feito uma criança
Com os cotovelos rotos sobre os meus joelhos.
E nada me apetece e nem sequer socorre
Um peito dolorido e a alma aberta em chagas
No calabouço escuro de esponjosas pragas
Lambendo um coração que à revelia morre.
A alma se definha e poucas vezes sonha,
Tornara-se ignóbil, perdera a vergonha
E parece gozar nessa ilusão fascista
Onde quanto mais sofre mais feliz se torna
E quanto mais apanha mais ama e contorna
Seus lábios no tesão do coito masoquista.