NOVO SE FEZ O DIA

Escutai esse lamento,

Eu o ouvi de um paladino,

Que prostrado sobre a terra,

Levantou-se a sol supino.

“Fez-se noite. E é o silêncio

Do leito. O lugar vazio.

Pausa...

O amor é ironia.

Imagens mudas, desfocadas.

Da alegria vivida, e dos amores

Do passado, a nostalgia.

Da união, a emboscada;

Do que era gozo, agora fel.

Fez-se a agonia.

Fez-se noite. Emudece.

No peito, o coração esmorece.

Pausa...

A inaceitável demagogia.

As juras eternas são findas.

As promessas eram mentiras.

O amor foi alegoria.

As mentiras, triste verdade.

Quem há que a inquira?

Vê-se em aporia.

Fez-se noite. É madrugada.

Nesse pleito, quem é o errado?

Pausa...

Indagações.

O choro. O lamento. A trama.

O engodo. O engano. O vazio.

Ambos solitários.

A absurda certeza sem sentido.

As hienas, de longe esperam

O último suspiro.

Foi-se a noite. É a alvorada.

Está feito. Novo, se fez o dia.

Pausa...

É o canto da passarada.

No céu, o sol já brilha.

Revela-se nova estrada.

Vê ao longe, novel amada.

Do passado, a lição.

No futuro, a esperança.

O meu hoje é alegria.”

Na voz, pungente emoção.

Eu pensei: - Isso é delírio.

Sorrindo se levantou.

- Terminou o meu martírio.

Moses Adam

F.V. 26.10.08

(Tema anterior: Elucubrações/Martírio/O Lamento/O meu hoje é alegria)

- Fragmento da Novela O Paladino e a Donzela