Versos de fim de ano (05)

Versos de fim de ano (05)

Com quem pareço?

Não sei.

Talvez comigo mesmo.

Me sinto tão fraco em valores e virtudes,

Que só dá para haver apenas um.

Às vezes tento decifrar os meus problemas,

As preferências, os meus enjôos,

Para ver, se me entendo um pouco mais.

Talvez, por isso, goste de voltar

A todo e qualquer lugar,

Onde tive um amor;

É que me sinto,

Como se fosse um imã ambulante,

Atraindo pedaços de mim

Que ficaram por aí.

É como cresço.

E funciona.

Depois,

Vou compor uma cantada

Irresistível,

Pois, cantadas,

Não são feitas, p`ra se vencer,

Mas p`ra se cair.

E eu caí em tão poucas em minha vida,

Que nem cheguei a esfolar os meus joelhos

D’ alma.

Ainda quero da vida,

As coisas que ela me deu

E, de bobo,

Recusei.

Vou escrever a sinfonia do passado,

Daqueles sonhos que não vivi,

Daqueles amores que não amei,

Daquelas batalhas que não travei,

Das loucuras que não fiz.

Vou cantá-la, depois, em meu banheiro,

Batucá-la na mesa de algum bar,

E assoviá-la nas ruas,

Onde passar.

E não esqueça:

Nos meus sonhos notívagos de acordado,

Sempre cabe mais um

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