Coração de Corsário

Na aurora de um novo ano

Promessas de prazer e dor

E o destino, mais nobre dos soberanos

Cobrindo seus súditos com seus ricos panos

A tudo e a todos, a tudo que me cerca

Destruindo planos, tirando o que me resta,

De certeza e exatidão, deixando apenas

Uma equipe de alegres pontos de interrogação.

Em um barquinho perdido, qual casca de noz

Navegando e ouvindo do oceano o rugir em voz,

Um barquinho cheio de fé e coragem,

Que ousou empreender arriscada viagem

Uma pequena embarcação

Feita de madeira e coração,

De carne, osso e (incrível que pareça), emoção

- Mesmo que alguns digam não.

Um fundo de tempestade:

umas próprias, outras contra minha vontade,

Num dia, tormentas de ira e apego,

Noutro furacões, pra depois vir o sossego

Mas o tempo sempre instável,

Sujeito a chuvas e trovoadas,

E um sol tímido que se esconde

Por trás de cortinas nubladas.

O barco, pequeno e valente

Singra a fúria e o que vier pela frente

Volta e meia encontra felizes praias

Com sorrisos amigos e camas de palha,

Um bom bar de porto, conversa agradável

E um vilão morto por justiça implacável

E segue adiante no arquipélago da vida

Os porões cheios e a pança fornida

Sem pensar no pior, peito aberto pro mundo

“Ou conquisto tesouros, ou orgulhoso afundo”!