SOBRIEDADE

Quem por misericórdia me ignora,

Deixado de lado aos cantos da esquina.

Largue-o mofo bêbado que implora,

Ao fundo do poço todo tolo ensina.

Assim é que tem que ser o remédio,

Quando nada mais houver a fazer.

copo cheio, coração perdido ao tédio,

enxergar e sentir a dor de tanto beber.

É das gargantas do infinito porre,

Largando um veneno que cura,

O passado mal cheiroso que não morre,

Resgatando do inferno uma alma pura.

O primeiro gole há tempos morreu,

Acreditando que há vida sem o copo,

Faz-se agora o novo, que o álcool tolheu.

Lembranças de uma dor tão comprida

Ao presente que reúne seus sorrisos,

Nasce um novo homem para a vida.