DESPERTAR

Estava preso pelas amarras do tempo,

Não me incomodava tamanha rotina.

Todos os dias os pássaros brincavam,

Mas não cantavam a mesma cantiga.

Olhei as árvores que se insinuavam,

O vento maroto que as percebiam,

Ouvi sua música enfeitar melodias,

Enxerguei melhor tais companhias.

Levantei meu corpo muito cansado,

Muita poeira ficou no caminho,

Fui bem devagar como chuva pouca,

Seguindo o que o vento deixou,

Atrás da música nas árvores dançantes,

Ao encontro de um sonho novo,

Aquele que me veio ainda acordado.

Só assim descansei por uma noite.

Abri meu coração ao mundo e chorei,

Gritei loucuras e ensinamentos,

Uma esquizofrenia incontida na alma,

Milhões de pessoas insinuantes,

Fantasmas de agora em diante,

Mas uma loucura exigível de quem ama,

Porque antes um amor imperfeito,

e uma flôr num coração vazio.