Não me Deixe
No campo sem fim
A rosa solitária
Pedia ao vento, em vão:
_Por favor, não me deixes, não...
E o vento, indiferente,
Tateando a imensidão
Levava consigo o pedido:
_Ah...não me deixes, não...
O vento sempre a passar
Ora brisa, ora furacão
Fazia renovar-se o pedido:
_Ah...não me deixes, não...
Passou a primavera
Chegou o verão
Murchou, então, a rosa
E com ela seu pedido vão:
_Por favor, não me deixes, não...
E o vento que sempre passava,
Todos os dias, sem parar,
Tateou um imenso vazio
E notou que a rosa não estava lá
A viu, então, murcha
Despedaçada, no chão
E pediu o vento com tristeza:
_Por favor, não me deixes, não...
“Pois pensaste que não te queria
Passando, sempre, sem parar
Mas em teu pranto não notou
Que passava por ti várias vezes
Só para tua face beijar”.