cabra marcado

desesperado pra ter

o que escrever – só um texto

e, em consequência, um contexto

mesmo sem ter um pretexto

contesto esse tipo de súplica

mas nunca a renuncio

e dela faço meu cio

passando pela avenida

vejo a mais linda donzela

fujo pensando que ela

quer me encontrar no Japão

e na empena do prédio

a propaganda na tela

não berra, mas faz sermão

como ser tão inocente

um sertão cheio de gente

capim melado e cozido

couro de cobra encardido

rosário no matulão

vou liquidar com o xerife

chifre de bode azulado

trago o meu peito marcado

pelo luar do sertão

ela se foi, mas eu não

o amor ficou e mais eu

foi o que me sucedeu

cabra marcado pra ter

sempre o que escrever

nem quer saber de urinar...

Rio, 12/05/2009

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 16/05/2009
Reeditado em 16/05/2009
Código do texto: T1597011
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