CAMALEÃO

Quisera escrever tudo o que penso,

gravar no papel tudo o que sinto,

me desdobrar em páginas repletas,

me fazer sílabas, vogais e consoantes,

ser uma vírgula, um ponto,

ser um livro.

Eu diria então que sou a brisa,

que brinco pela areia

e corto os mares,

que sou o vento forte certos dias,

balanço as árvores

e morro em teus cabelos...

Eu contaria que por vezes sou a chuva,

que presenteio a terra árida e sem cor,

que molho o teu rosto e te consolo,

que chego ao coração

e me transformo em lágrimas...

Queria dizer também que sou sorriso,

que tenho morada em olhos infantís,

que alegro te semblante tão sofrido,

me perco pelas ruas barulhentas

e me faço gargalhada na multidão...

Que em certas horas sou o rio caudaloso,

que impulsiono os barcos sem destino,

que alio minha força a tua tristeza

e te faço forte

quando estás em desalento...

Queria ainda escrever que sou humana,

que sendo brisa eu acalento sonhos,

que sendo chuva eu cultivo dores,

que no sorriso eu encontro a esperança

e sendo rio eu procuro meu destino...

Giustina
Enviado por Giustina em 01/09/2009
Reeditado em 17/05/2015
Código do texto: T1785813
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