A Borboleta e o Verso

Descobri que as pessoas que amamos são que nem versos

e que os versos são que nem borboletas – num bater de asas.

Por isso, não posso aprisionar ninguém. Ou me aprisionar.

Descobri que as pessoas vêm e vão. E assim é que deve ser.

Todos devem ser livres. Com o direito de ir ou vir se quiserem.

... e se voltar que voltem por amor.

Descobri que não se pode aprisionar uma alma pra sempre.

E que as pessoas que amo também podem amar outras pessoas. Devem amar.

E que amar ou ser amado por alguém não me dá o direito de ser dono dela.

Descobri que durante toda a minha vida terei que fazer escolhas.

E que, quer eu queira ou não, terei que conviver com elas.

... Mas nenhuma dor será definitiva. – a não ser que eu deixe.

Descobri que uma única palavra pode machucar. – principalmente quem amo.

E machucar não significa ser forte.

Ser forte não significa estar seguro.

E estar seguro não significa ter paz.

Os meios nunca justificam os fins. O ciúme não justifica um amor.

Descobri que não posso fingir que não existe dor no poema.

E que há fome lá fora.

É questão de tempo até que a violência bata na porta. E eu terei que abrir.

E posso até beijar mil mulheres. Cruzar mil pernas.

Mas descobri que só preciso de uma.

E o mais importante...

Descobri que alguns dias serão mais longos do que outros.

Mas cada noite trará uma manhã – embalada em seus braços.

E cada tarde trará um pôr-do-sol – pra mim.

Sei que o meu filho precisará de um pai.

Sei que o meu pai precisará de um filho.

E eu estarei aqui.

(Ismael Alves)

Ismael Alves
Enviado por Ismael Alves em 22/10/2009
Código do texto: T1880985
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