GRÁVIDA POESIA

Na minha inocente infância de liberdade,

Foi roubada a minha tão bela felicidade.

Um fato muito triste que me aconteceu,

Que muito dentro de mim por lá morreu.

Eu já não tinha mais um chão firme para pisar,

E daquela tragédia eu não conseguia me livrar.

Foi quando num clamor muito delicado,

Eu ouvi e senti o meu nome ser chamado.

Não tinha forma, apenas àquele leve ar...

E que em minha direção veio caminhar.

Falou para eu não ter medo, não chorar,

Pois dentro da minha alma ela iria entrar.

Creio que ela veio para eu expor o meu lamento,

Para que um dia eu possa curar esse sofrimento.

Disse-me que há milhões de anos existia,

Mas, simplesmente disto eu não sabia.

Sempre com a voz feminina no tempo,

Aparece a sua velhice por um momento.

Eu não desconfiava da sua longa idade

E nem que viveria por toda a eternidade.

Foi então que ela me contou como surgiu...

Aconteceu num lindo sonho que ninguém viu!

Disse-me que nasceu de um sopro divino,

Para honrar o bem estar como um destino.

Veio ao mundo para transmitir as suas mensagens,

Entre as sinas existentes de todas nossas passagens.

Disse-me que em vento se transformou,

Para percorrer a tudo que ele mandou.

Depois de ver o ermo por ali existente,

Queria ser outra coisa, ser mais diferente...

Num louco redemoinho de um pó cinzento,

Desmanchou-se, era terra e não mais o vento.

Não estando contente virou uma semente,

Que no calor do sol cresceu de repente...

Transformou-se em uma flor colorida,

Para naquele mundo trazer mais vida.

O vento irmão para ajudar retornou,

E seu fino pólen no horizonte espalhou...

Um jardim em pouco tempo cresceu

E uma gigante floresta ali arboresceu.

Ainda faltava muita coisa, até demais...

Então ela tomou a forma dos animais.

E para completar toda a divina criação,

Ela foi gente, era Eva e também Adão.

Pela mordida da maçã sentiu-se enganada,

Pois, achava que seria triste e condenada,

Mas, na verdade foi muito bem libertada.

Ao mundo ela começou a ser revelada,

Ficou o registro do seu milenar passado,

Escrito no antigo pergaminho empoeirado.

E agora em todo o lugar ela existe,

Mesmo que na forma alegre ou triste.

Pra mim um presente por essa descoberta.

Sincera, ela me deixa sempre a porta aberta.

Comecei a viver constantemente do seu lado,

Mostrou-me o meu talento a ser compartilhado.

Sem precisar que me apontem uma meta,

Nasci desse amor e agora sou um poeta.

Em nossa dupla gravidez sem heresia,

Sou feliz de ser a mãe e o pai da poesia.

Setedados
Enviado por Setedados em 12/05/2010
Reeditado em 29/05/2011
Código do texto: T2252984
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