DESENHOS DA FOME E DA GUERRA

O seu filho vai cantando para o colégio de mãos dadas

Com a amiguinha, levando biscoitos em sua lancheira?

Nem imagina um mundo em guerra, onde que fadadas

E famintas criancinhas africanas, a morte já lhe beira...

Nem imagina essa grande indiferença das autoridades,

Que são verdadeiras cúmplices desse mal que domina.

É menino bem criado que no futuro verá as atrocidades,

De uma nação qual o primeiro mundo decretou a sina.

Somos iguais em lágrimas, que dos seus rostos escorrem...

São a mesma carne, só coberta por diferentes pigmentos...

Mas, não é isso que parece ser, quando dali eles escolhem

Essa camada carente, para lucrar com seus investimentos.

No erro da discórdia dos adultos, por uma luta de terras

Ou desarmonia de uma facção religiosa, pela ignorância

De um povo sem instrução; causa o começo das guerras

Que já devastou vidas, sem haver nenhuma irrelevância.

Senhores das razões bélicas acometidos a destruições,

Onde crianças fazem do fuzil o brinquedo da fatalidade.

Nem sequer tiveram o tempo de infância nos corações,

Que cansados de ver tragédias, ignoram essa realidade,

Sem a esperança e com os olhos esbugalhados de pavor.

Não precisam mendigar carinho a quem tudo o assistem,

Apenas querem o alimento, para saciar a fome de horror,

Que nossos olhos gravaram, e infelizmente ainda existem.

Apenas querem o alimento, para que essa fome de favor

Entre-lhe dentro, sem querer saber o tempo que resistirão.

Ainda que a humanidade seja complacente com seu amor

E a sua compaixão, o que foi feito, jamais terá um perdão.

A pobreza se misturava com a raiva de um ser assassinado...

O pai, irmão, ou talvez até um primo adolescente sem futuro,

Que foi obrigado pelos comandantes. Seu destino é ignorado,

Só lhe restará olhar e identificá-lo por detrás daquele muro.

Uma aflição que não tem tamanho, onde eu sofro também,

Por saber que sou um derrotado a penar no fogo do poder.

Sem correr riscos morro de qualquer jeito sendo um refém,

Não alcanço seus pedidos de socorro nessas almas a sofrer.

Vão se desmanchando como se fossem meros desenhos apagados,

Nas mãos de quem não se importa, estando esse artigo num papel.

Vão perdendo as suas forças, pois todos eles já foram condenados.

Mas, eu quero levar a absolvição desses garotos junto do meu céu.

Choro triste baixinho, chego até a soluçar, fico comovido.

Eu não sou de ferro, mas infelizmente tenho que agüentar,

Porém, eu espero que esse sofrimento seja logo resolvido.

Rezaremos para o mundo não ver esse povo se exterminar.

Setedados
Enviado por Setedados em 13/07/2010
Reeditado em 16/03/2011
Código do texto: T2374329
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