Gente valente

Depois de um dia inteiro na lida,

Mesmo querendo deitar o cansaço,

O corpo doído caminha

Levando,debaixo do braço,

Caderno ,lápis, cartilha.

Sonhos são os companheiros e

No caminho pouco iluminado,

Um resto de sol, quase já apagado,

Ainda aquece a solidão.

Passando pela porteira,

Por debaixo da cerca,

Vultos que logo são revelados

_Boa noite, amigos!

E seguem o caminho, calados...

Depois da curva, logo ali na frente,

Avistam no meio da escuridão, insistente,

Uma chama tremulante,brilhante,

Teimando em iluminar essa gente.

Ao chegarem,os cumprimentos

E cada um acha seu assento.

São poucos ali os movimentos:

Os que deixam uma página virada...

Os de uma letra traçada

Pela mão calejada...

Ou os de um bocejo, numa face

De pele queimada, enrugada,

Cansada...

Pares de olhos brilham,

Mesmo com pouca luz

E procuram pela mestra, insistentes,

Que naquele silencioso ambiente,

Ensina pacientemente,com amor,

Cada letrinha do nome

Daquela senhora ou daquele senhor...

E quando a aula se finda

São dois os pensamentos na vinda...

Sonham, apertando o passo

Em deitar logo o cansaço e

Sonham em ver o diploma

Pendurado numa parede

De preferência caiada de verde!

Verde...

Verde de uma bandeira

De uma nação, a brasileira...

Verde de esperança

Que não só vem das crianças...