Cantar

Canta-se o que há de vir.

Canta-se o perpétuo Devir,

o mistico existir,

o contínuo fluir

e o eterno parir

de Gaia materna

em cada eco de caverna.

Talvez a Esperança de Pandora

preceda a Aurora

e não chegue em má hora,

pois entre o sonho encerrado

e o novo salto tentado

vive-se o momento

em que cessa o lamento.

Canta-se um Futuro,

canta-se o fim de um escuro

e a queda de outro muro.

Canta-se por ser humano,

porque haverá novo ano

e existirá outro plano.

Canta-se pelo fim sabido,

pois dele, novo ramo terá surgido

antes que o velho seja esquecido.