O Cachorro Molhado

Certa vez vi um cachorrinho

Correndo da tempestade

Corria entre as pessoas sozinho

Queria abrigo na verdade

Um vira-lata perfeito,

O pelo um pouco sujo, vá lá

Nada que um banho não dê jeito

Saudável, olhar aceso, a brilhar.

A chuva ameaçava cair

E o canino, pra lá e pra cá

Sem saber bem pr’onde ir

Querendo num canto ficar

Achou um caixote de papelão

Encostado numa calçada

Passou no meio da multidão

Sob o som das trovoadas

Mas o abrigo não deu não...

O vento levou, de revoada.

Correu, os primeiros pingos caindo

Um terreno abandonado, um poste

Perto de uma rua que ia subindo

No meio de umas coisas, caixote.

Tentou se ajeitar, era de madeira

Esse, o vento não ia levar

Mas furado, de qualquer maneira

Deixava a chuva passar.

Saiu de novo, não achava lugar

Ficou na rua, ali, desconsolado

Com aquela cara mais que peculiar

Típica de cachorro molhado.

Naquele aguaceiro a despencar

E assim, muito de mau jeito

Num banho bem do improvisado,

Mais limpinho, aquela cara de pena,

Foi por alguém resgatado.

Pois que passava uma moça, e o viu

Com aquela cara de “me tira daqui”

Pegou nosso amigo no colo e partiu

E hoje, ele passeia no sol por aí.