O SONHO ACABOU, A ROSA MORREU

Lailton Araújo

Hoje eu acordei do sonho e resolvi mudar

Vou modificar todos os meus conceitos

O meu jeito de ver defeitos envelheceu

Quem eu sou para ser o dono da verdade?

No mercado, se tenho dinheiro: sou cotado

No trabalho, ter trinta anos: é ultrapassado

Se meus neurônios acumulam inteligência

Vivo das indulgências por ser um sonhador

Bendito mundo cão globalizado

Maldito mundo cão massificado

Se a rosa é vermelha, talvez... Amarela

Quem eu sou para julgar ou ser julgado?

De que vale o meu diploma de doutor

Se, perdi os meus cabelos e vivo cego

Deixando que o ego não veja o tempo

E seja lento no pensar da nova realidade

Sou marcado por ter nascido nos anos 50

E ter visto nas décadas, as modificações

Ações de rebeldias, culturais, filosóficas

Até invento que ouvi e vi a “Banda passar”

Bendito mundo cão e a liberdade

Maldito mundo cão e a falsidade

Se a rosa é vermelha, talvez... Amarela

Quem eu sou para julgar ou ser julgado?

A guerra fria acabou, a do petróleo: renasce

Os velhos cowboys, mudaram-se para o Iraque

No The New York Times, o Brasil é destaque

Por fazer tempestade num copo de conhaque

Lula lá, dó ré mi fá, sol lá si, qualquer dó

Comunistas, capitalistas, o olho é bem maior

Se um camelo não passa no fundo da agulha

O ouro negro jorra quando a agulha perfura

Maldito mundo cão sem lealdade

Maldito mundo cão das tempestades

Se a rosa é vermelha, talvez... Amarela

Quem eu sou para julgar ou ser julgado?