NA VOZ LIVRE DO POEMA

E é preciso a liberdade é preciso aceitar

É preciso a diferença o amor a amizade

E o compromisso da comunhão é preciso

E é preciso comunicar falar olhos nos olhos

É preciso despir a panóplia do pensamento obscuro

E é preciso o precipício o escuro

Para se alcançar as asas do saber é preciso

Para se compreender para se colher

A seiva fértil da planta o viço da verdade.

E é preciso ser livre é preciso dizer basta

Sentir na pele os olhos da fome na boca do pobre

E é preciso quebrar derrubar muros ignotos

E é preciso a raiva os dentes e o tiro certeiro

Contra o freio do silêncio no focinho da palavra

É preciso dizer Não à vontade submissa e escrava

De demónios e deuses e semideuses mortos

E é preciso expulsar é preciso rasgar

Do corpo do Homem o Humano Fato que o cobre.

É preciso morrer por sobre o cadáver antigo

É preciso a semente é preciso a flor

A água o pólen na asa do colibri

É preciso a rosa que é prosa nascida da terra

E é preciso ainda que tragas nos lábios

O fruto a criança a árvore dos sábios

É preciso a vida agora de repente aqui

De graça cuspindo longe a vil mordaça

Contra o espelho oblíquo do terror.

Jorge Humberto

In Fotogravuras I

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 03/10/2011
Código do texto: T3255465
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