Tempo novo

De vez em quando, alço olhares sobre o campo,

ferindo a vista, que se perde na amplidão;

deixo que a tarde ganhe o ruflar das asas

dos pensamentos, que voam, sem direção...

Que inquietante o cenário deste Tempo:

tantos progressos nos marcando a evolução,

indo, o Homem, à conquista d’outros mundos;

porém, no fundo, entregando o coração.

Como pudemos ter tamanha competência

para criarmos invenções inusitadas

e não jogamos nossas luzes de consciência

sobre os males – de que a Terra está tomada?!

Como pudemos ter tamanha competência

criando armas p’ra fazer destruição,

se, bem mais fácil e honroso nos seria

matar a fome e acabar co’a exploração?!

Como podemos lançar olhos p’ro Universo,

e focar nele nosso gênio criador,

se é entre os homens que devemos trabalhar

buscando a paz e combatendo o desamor?!

Rola uma lágrima sentida no meu rosto

- tal é o desgosto na minha constatação:

que hoje em dia haja abismos entre os homens

feitos de fome, ódio, mágoa e desunião...

E me pergunto: adianta ganhar a palma

se a nossa alma for o preço dessa glória?

Truinfos que fazem o Homem perder a essência

não são motivos p’ra cantar tanta vitória!

Mas tenho fé e acredito – bem a fundo –

que este mundo, um dia, vai melhorar.

Viverá, o Homem, sem mágoa nem aflição,

c'o coração batendo em função de amar.

Um tempo novo, onde espadas sejam relhas

arando a terra p’ras searas do porvir;

onde as crianças tenham aura de esperança

e os homens, livres, dêem as mãos p’ra construir!

Julius Patricius
Enviado por Julius Patricius em 29/10/2011
Código do texto: T3305119
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