Roda Viva

Já vem chegando às 6 horas. Do dia ou da noite às

6 horas se fazem início e fim. É hora de chegar e

partir. Homens, mulheres, jovens e crianças esperam

na estação ou na parada a sua santa condução.

Orando o pai nosso, cada dia se faz o nosso

pão diário que de nosso suado trabalho se torna muita

vezes nossa fraqueza, dificuldade e limitação.

São dezenas, centenas de corpos jogados que se

amontoam nas paradas, e sem ver a vida

passar, o tempo passa, no vagão no silêncio,

no aperto e no cansaço.

Conduzidos chegam tarde. As sete ou as oito,

se perdendo no tempo que não perdoa e arranca

a vitalidade e o direito de viver a cada dia.

Ô Pão nosso, fruto de nosso suado trabalho onde

estás a justiça para esse povo que de tão sofrido e

esperançoso não distingui mais sua vida de sua cina?

O preço é alto. Pago pelas mãos cheias de calo que

para um sistema disfarçado e visivelmente desgastado

apela para sua podridão explorando vidas em nome

de sua ordem e de seu progresso que vislumbra apenas

seu flagelo e seu crescimento que sob uma nação de

miseráveis que para sustentar-se, fingidos de faraós da

verdade construindo suas mentiras e distorcendo a realidade.

Esse é o valor do status, da pose e do salto, que sob

nós seus ternos e vestidos querem fazer surgir. Escravos

de suas verdades, o povo segue sua realidade, alimentado-se

de esmolas sem enxergar a verdade, caminhando

novamente para às 6 horas, e assim fazer girar a roda

vida de suas vidas esperando na esperança de um novo dia,

um novo sol sobre esse povo brilhar.

Arthur Luz
Enviado por Arthur Luz em 07/11/2011
Reeditado em 08/11/2011
Código do texto: T3321819
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