Meu último poema para o universo

Pois eu te pego no colo, meu filho

Que antes de filho meu,

és filho de todo o mundo...

És o meu bicho, meu bichinho!

Poderia ser qualquer bicho,

mas vejam só: um gato...

Meu último poema será para um gato?

Será!

Porque nós, humanos

destruímos tudo que se chama ''nós''

E vocês (bichinhos)

tudo sabem das ciências naturais,

tenho certo que conhecem Deus

mais do que qualquer ser humano conhece deus

pois vocês nasceram de um amor que mudou tudo que chamo de

[''valores'',

me fizeram mendigo

e um pouco bicho

e um pouco menos poeta

Meu ciclo de vida e meu ciclo de poema acaba aqui

para simplesmente renascer ou acabar para o sempre

É que vocês (seres infinitos)

sabem tudo da existência, da filosofia

e podem ter, sem medo algum,

o que nós humanos buscamos eternamente....

Quer coisa mais Feliz que um cachorro?

Que um ronronar de gato?

Que um canto de pássaro?

Que uma árvore (que simplesmente Existe?)

Minha poesia acabou, não tenho mais arte

resta agora olhar o mundo, os bichos, a natureza!

O mar! Ai, o mar! Que poema nenhum cabe mais na minha boca,

que tudo acabou e a morte é no mínimo Bom!

me morro, artista! Pra nascer qualquer outra coisa,

talvez Homem, talvez Bicho, talvez deus da minha própria existência...

Não sei!

É que observo os meus bichos,

que disseste um dia: meus filhos!

Jamais os deixarei, que vivo unicamente para me morrer depois de vocês....

(isso já é algo Grande)

Digo adeus,

não tenho mais palavras para dizer!

Meu canto é só um simples murmúrio, bocca chiusa...

Que, Mulher, de todas as mulheres, tu foste enfim A Mulher

que me ensinou a ser Homem,

e que palavra alguma vale coisa alguma

que melhor é viver admirando os sons dos bichos

com muito carinho e saudade,

adeus