Esperança



 
Ela me fez abrir os olhos
Quando o crepúsculo era certo
Dentre querubins dourados
O passo alaranjado estava perto...
 
Como criança os sinos do céu
Vou ouvir em franco sorriso
E do meu jeito ater-me ao léu
N´um beijo adocicado no caminho
 
Eu sou o ganso calmo na lagoa
Que desnuda em valsa ébria
O plácido olhar que perdoa
A malta que aflige a pátria
 
E nessa água fria, penas impermeáveis
Não adentram sequer esperanças
Do calor maternal de temperança
E dias sombrios insuperáveis
 
Fez-me rir por muitos anos
Nos grãos um a um pelo chão
E a pseudo evasiva dos planos
Me dá um minuto solidão
 
Pois aquele patinho pequeno
Que desliza manso chafariz
Hoje é vão, é brinquedo
Daquele que pode ser ainda
Meu último dia feliz...
 
Mas as cuias e verdes ficaram
Solitos, sinceros, em ventos perdidos
Entre lábios prateados assolaram
Aqueles que restaram, malditos feridos
Que gozam frios em patentes
Perdidos, caídos, dementes...
 
Que lindo pano vermelho
Com escusas pelo que fez um dia
Pois na sombra do horizonte
Já me sinto tão distante
Da velhice que o fez frágil
Do rubor que o fez pleno
Do remorso que me fez tardio...


***
 
escrito em 11-08-2010.
imagem: oserprofeta.com
Adam Poth
Enviado por Adam Poth em 03/04/2012
Código do texto: T3591695
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