o sedutor

sentado no degrau do portão

de casa

de short meio encardido

ou talvez desbotado

(será que tinha braguilha?)

que não se viam as florzinhas

camisa de malha que vinha

quase perto do umbigo

um jeito de "pra nada eu ligo"

barriga quase dobrando

sobre a cintura e o calção

o olhar num ponto onde estão

as luzes todas do céu

o verde do moscatel

as uvas será que ele as via?

pela rua descia

a jovem com charme e com graça

os seios, as coxas, a raça

cabelos negros jogados

na costa nua e branca

como se fosse a cortina

querendo cobrir a parede

seus olhos se depararam

(parece que sentiram sede)

com aquela figura patética

que ela chamou de profética

logo que a avistou

e o cara, ainda sentado,

nem pra ela olhou...

Rio, 10/01/2007