Anelo de Uma Flor Só

No campo estava a flor, alegre a bailar.

O vento a embalava e num suspiro

Ela pedia:

"- Nunca me abandone, irmão."

Na manhã de sol radiante

Acordava nossa flor, a delirante

Que inspirando a brisa, roga ao vento:

"Não me deixe, não."

À tarde, novamente, nossa amiga

Sôfrega, pendente, desbotada,

Vem de novo, e a fitar o vento:

"-Jamais me deixe ao léu, meu doce amigo."

E, finalmente, à noite, lá está ela:

As pétalas pelo chão, dor para os olhos;

Lágrimas a rolar de sua face,

Lascivo de sentir-se amargurada:

"-Te espero amanhã, amado vento."