Revoar

Como tu, amigo colíbri,

tornarei aos Céus.

Certo anjo abriu essa gaiola

em que tu me viu prostrado

e por obra e arte desse Querubim

eis que já sinto as nuvens passarem.

Espere-me, Cotovia, pois eis que sei

que breve repartiremos o sobrevoo.

Assim como sei, branca Gaivota,

que novo poema nos será comum.

Voltarei mais velho, alquebrado, amigo,

pois tu sabes o que foi essa

arapuca e a maldade das pedras

que me abateram. Tu sabes

a dor da asa quebrada e

do amor perdido.

A tudo tu vistes

e a cada lágrima tu assististes.

Mas, o que serão esses séculos a mais

antes os novos milênios que se mostram?

Espere-me, amigo. De novo, juntos

voaremos.