Poema Do Fim

Por hoje cansei, cansei de lutar contra o pesar

De meus olhos que há muito me dominam,

Cansei de pensar em ti e perceber imediatamente

Que não estais mais aqui, que tudo acabou.

Cansei dessas sombras negras que me dominam constantemente,

Tiram de mim a paz, a razão... Elas torturam-me;

Fazem isso profundamente. Meu ser inconstante já não suporta

Mais tanto descaso, tanto abandono, tanta luta...

Estou partindo nesse momento, partindo para longe;

Sei que não deixarei saudade, que meus passos se apagarão;

Que minhas marcas se findam aqui... Perdidas,

Apenas perdidas neste miserável chão!

Meus pés me guiarão para um lugar breve e distante do mundo,

Onde meu corpo possa repousar em um cálido sono profundo.

Sei que tudo em mim se resumirá à pó nada mais além disso,

Nesse instante sentirei que o peso do meu corpo não mais me perseguirá.

Será uma noite triste e sombria, o vento baterá à porta entreaberta,

Meu corpo imediatamente se levantará... Será tomado por um frio intenso!

Aí então minha cansada e solitária alma finalmente repousará;

Distante de tudo, um novo mundo ela habitará.

Olho para meus pés e os vejo se distanciando de mim,

Tenho medo e sinto um frio profundo congelando-me, ferindo-me...

Sei que amanhã não mais verei o sol... Seus ráios não penetrarão

Em minh'alma, e tudo em mim estará calmo, em silêncio.

Soltarei o meu grito e tomarei à mão a única coisa que realmente possui,

_O medo! Ele me levará para longe... Eu perderei minha vida! Perderei tudo,

Até o que nunca tive... Saltarei para longe, mas ele em sua reação química

Imediatamente me tomará de volta... Aí não posso mais voltar!

Meu suplício acabou, agora repousarei constantemente.

Mas lá sentirei novamente a solidão... Tudo estará no fim, mas para mim

Será um doloroso começo, mas mesmo com dor recomeçarei.

Temendo o dia, temendo a noite eu imediatamente recomeçarei.

Anna Araújo
Enviado por Anna Araújo em 24/02/2007
Código do texto: T392435