RESILIÊNCIA
RESILIÊNCIA
O tempo é um pasto
onde a tristeza trota, sem nunca se cansar
aí vem ela outra vez a distribuir flagelos
chicote com cheiro de couro novo
e sangue pisado
os dias escorrem
e só se pergunta por que
o beijo sempre tem que ser
– com ou sem canto de galo –
véspera de traição
mas a alma é telhado
que abriga vários ninhos
à espera de que os pássaros da felicidade
ponham mais ovos
sejam mais fecundos
ser refém da mágoa
é uma forma de prisão
uma hora
– quando menos espera –
você pia de contentamento
e voa de novo
Ana Guimarães