Utopia
Quero falar de amor
desse mesmo amor
que tenho em casa
e que é preciso expandir
que é preciso explodir
até que visível
até que audível
a ponto de calar o silêncio
da omissão
abafar o desamor sempre um tom acima
soar mais alto que o ódio
até mais que a morte que o cerca
acerca de tantos sacrifícios
fazer do amor um ofício
e deixar que ele ganhe as ruas
que seja o engraxate
que faça seus biscates
invada as pessoas
inunde as cidades
populi os países
e então
felizes os cidadãos antes anônimos
sinônimos da própria desgraça
num dia de graça
alvorecer um mundo redescoberto
coberto só de coisas boas
como no inverno europeu.
Mas não será neve
Será leve viver.
Será bom de se viver.
Será lindo de se ver.