Nau dos Sonhos

Maria Antônia Canavezi Scarpa

Nem sempre quando a escuridão desce

o silêncio que desembarca nessa nau seja mágico

trás com eles fantasmas ousados

que pairam sobre mim como névoas

sussurrando que os meus sonhos são falsos

e daí não adianta querer zarpar para outro porto

a noite me transforma em grãos de areia solitários

Fico tímida me amparando nas conchas

que brincam de me oferecer aconchego

como se somente assim eu possa

atravessar o oceano com meus alforjes

repletos de muitos desejos e imensas esperanças

tendo uma sutil neblina embaçando os meus olhos

Fugir assim em busca de novos ciclos me deprime

ainda mais vestida de cortesã dos meus impulsos

na ribalta da utopia que envolvo minhas volúpias

embalada e bêbada pelas marolas

vou me impulsionando para as estrelas

tocando as espumas que o bravo oceano me presenteia

Bolhas e mais bolhas vão se sobrepondo

no meu imaginário fértil umas as outras

e em cada uma delas vão se estourando flashes

das minhas multicoloridas ilusões

apenas com o leve toque da brisa da manhã

que no cansaço me avisa, que ainda estou

tão longe do meu destino...

Há um mundo imenso além dessas marés

e para que eu o alcance devo continuar

navegando por todos os momentos que se apresentar o céu

desde o ouro da manhã ao vermelho esmaecido do arrebol

para a negritude da noite sem estrelas

mas já me acostumei ouvindo o marulho do mar

nessa nau que parti para não desistir...

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 13/05/2007
Código do texto: T485263
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