Ínterim

Maria friamente me dizia,

Que a cada dia mais morria.

Uma bela rosa também murcharia,

Sabendo disso como não se entristeceria.

O sol toda manhã nasce a brilhar.

Como não se contentar.

Ciclo que faz a vida brotar.

Para depois despedaçar.

Caindo pétala em cada instante.

Outro sonho tão distante.

Neste mar navegante.

Para cada ser andante.

Palavras com tanta firmeza.

História digna de pura fineza.

Importante digo com certeza.

É nesta vida não ter avareza.

Quando a dor vem de repente.

Muita fé nesta mente.

Que não pode ser descrente.

A desistir da vida simplesmente.

Sentindo passar esta vida.

Missão que não pode ser esquecida.

De amenizar uma dor comovida.

E semblantes de faces sofridas.

Despertar a alma de quem quer morrer.

Levando a alegria a quem quer esquecer.

Que o sorriso não pode nunca fenecer.

Alimento que faz a vida de novo florescer.

Dom da vida é poder morrer.

Com a consciência livre do doer.

Voltando depois a merecer.

Uma vida em outro entardecer.

Assim a morte não é ruim.

Para aquele que não adiantou um fim.

Para o coração que viveu um sim.

A entender esta vida neste ínterim.

Mônica Sales
Enviado por Mônica Sales em 16/05/2007
Código do texto: T488849
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