Poça d'água

É a pequena poça de chuva

Formada com muita insistência

Depois de vários dias caindo

De maneira gentil, delicadíssima

Acariciando o chão abrasivo

Que finalmente arrefeceu,

E cedeu seu espaço

É a pequena tentativa de vida

O restrito espaço de esperança

Frágil como capricho de nuvem

Variável como direção de vento

Que carrega minhas esperanças

Como um pequeno girino,

Um ínfimo organismo

Encerrado numa poça de chuva.

Mas quando a chuva desce do monte

E carrega consigo milhões de anos

Lavando e sujando pelo caminho

Transportando os sedimentos

Os restos, os brotos, sementes

Os ovos e as serpentes

Alimentando as nascentes

Eu revivo também.

Quando a chuva retorna

Pro bem ou pro mal

A cabeça se apruma

A vista se arruma

O mundo volta ao normal.