Ao Narciso de Cinza

De Narciso negro e impoluto veio um ilusório desventurado

Que ele aprenda a colher melhor suas esperanças simples

Transtorna-se na escura vilania das florais considerações

Uma loucura intensa que lhe é aroma, valentia descuidada

Vem de longe esse que assombra no jardim a colher anjos

Das negras asas de seres que de angélicos só a formosura

Recolhe contigo o Narciso mais intacto sem ferir amargura

Sobes ao altar com essa verve de alma sórdida desfolhada

Entregue ao mais amor, ao mais alçado e requerido desejo

Estas folhagens mal-sãs tão redimidas inatas destemidas!

Alimente os Narcisos que colheste em mal juízo e tentação

Esquecestes das outras mais brandas sem espinhos fortes

Destes ao túmulo dessa sua ingrata amada e já adormecida

Não plante a ingratidão no mais acumulado túmulo forçado

Ai, Narciso, negra flôr de um jardim sem sorrisos ou fadigas

Ofereça a este ingrato tão distante, a sina de sua solidão!

Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 12/01/2015
Reeditado em 22/01/2015
Código do texto: T5098701
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