Carioca
Na escuridão da solidão
Sua voz era canção
Fazendo pulsar meu sexo e coração
Me despindo da armadura e me deixando nua na emoção
Eu gritava em desespero
Até ser tocada pelo seu zelo
Como mãos pelo meu corpo
Eram pétalas em minha alma
Brancas, como você pensa que não tem
Ah, se seus olhos vissem além...
Me veriam estarrecida
Com a certeza de ser querida
Veria meus olhos brilhando de esperança nascente
Lágrimas e gozo como lava incandescente
Descendo e destruindo a cidade da amargura
Era tão doce e tão pura
Nada restava da espada tão dura
Que tanto tempo passara cravada em meu peito
Era alívio e era alento
Era calor e era o vento
Era o por fora e o de dentro
Era tanta promessa de novos dias
Que eu temia que o sonho acabasse e eu acordasse
De novo sozinha
Mas ainda que apenas sonhos seja
Vou mergulhar na sua beleza
Como o solitário mergulha num beijo de amor
Eu pago o preço, inda que seja dor
Porque sonho e sorriso não tem preço
Olho pra mim e me esqueço
De tantas e tão profundas feridas
Era como se existisse vida
E eu me quedei boquiaberta -
Eis que a cela estava aberta!!!
Tudo que restava era atravessá-la
Eu não parava de contemplá-la
E inda que sonho fosse
Era único e era doce
Depois de muitas eras
Minha alma não era mais só, era dela
Não importa que apenas por instante
Era o que bastava e era o bastante
E inda que seja só um momento que voa com o vento
Nada mais é como antes depois de ter você aqui dentro.