Uma Moça Morena

Ao sabor da veraneia tarde,

Veja quem passa no calçadão

Despojando em suas veias

Alma viva e também fugaz

Logo vi e percebi

O poder que me luzia

Cheio de graça, a morena

A moça morena que via

Cabelos jogados a sorte

Eram demasiados cachos

Daquela pose sem nexo

Daqueles olhos tão castros

A beleza da mestiçagem

Afro-brasileira e negra

Queimava-me os olhos

A sua pele caramelada

Dos seus pés a sua cabeça

Mostrava-se imponente

Grande o porte de mulher

Brandecia-se a minha frente

O que me bestificava

Era quão natural era

A graça da moça morena

Queria tê-la... Que me dera!

Nem o maior romântico

Com seu mais belo cântico

Idealizariam a beleza

Tamanha que a era

Nem a mais bela praia

Nem o mais belo dia

Puderam ser notados

Por olhares ofuscados.