PULSAR INCONSTANTE

Este meu pulsar inconstante e febril

Duma quimera que tarda em chegar,

É uma teia que me envolve no tardar

Dum dia intenso de vida impossível.

O meu coração bate com as horas

Do meu relógio de sala, pancadas

Que ferem a minha alma castrada,

Comigo a caminhar numa estrada.

Estrada que não tem fim, é subida

Íngreme que tento poder vencer,

Pra passar pra outro lado do muro,

Com que me deito, no leito escuro.

Leito frio e nu que reclama aquela

Que eu mais desejo, a tal donzela,

Geme a cama e o meu travesseiro,

Sinto-me cativo de um vespeiro.

Vespeiro com que luto sem tréguas,

Liberto-me das suas picadas, negas

Que dou às vespas vis, desumanas,

Ateio fogo, queimo-as em chamas.

Ruy Serrano - 21.02.2016

Ruy Serrano
Enviado por Ruy Serrano em 21/02/2016
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