Asas atrofiadas

As duas janelas verdes, beleza triste,

Esperam por dias melhores, sonham;

Com venturas que imagina, existem,

Longe da opressão, do dedo em riste,

mãos que ternura e carinho, ponham...

Aí, vejo tudo ao largo e estou quieto,

Malgrado saltitam calores no sangue;

Ainda há curvas sonegando papo reto,

Abstrações andando para o concreto,

As, dúvidas assolam com sua gangue...

A vida muda paisagem vez em quando,

E temos o novo, olhando velho mirante;

e, coisas que não ousamos sonhando,

O fado coloca contra lógica, desafiando,

Perto, mui perto, o que soara distante...

Que pena que se abram inúteis feridas,

Pelo calor dessas desnecessárias brasas;

Medo da chuva, a insegurança bandida,

maltrata almas despreparadas para vida,

que vivem quais répteis, apesar das asas...