Súplica do Sem-amor
Oh, Meu Deus, sei que peco a cada dia mais.
Assim moça entregando meu corpo
O Senhor, antes de todos, sabe que faz parte da essência,
Mas Senhor Sagrado não me impeças de suplicar pelo amor do meu Senhor.
Os dias de martírio parecem não ter fim
Nesta figura de homem
Que eu insisto em manter vivo na memória.
Nos toques e carícias brandas vai um pedaço de mim.
Pô-lo no leito e fazê-lo amante e companheiro de glória.
Deus que tudo sabe,
Que tudo vê...
Diga-me por Deus onde anda o meu Senhor
Para que possa procurá-lo ainda que habite
O mundo escuro
O fim do mundo
O mar revolto.
Diga-me num consolo: que o errante é bravo,
Me toma nos braços
Se vem cedo ou tarde
Se fará alarde ou terei de procurar
Sempre escrava desse Senhor que nunca tive
No colo do poeta há uma flauta e nada mais.
A alma humana é pecadora.
Em sua imensa piedade, oh bom Deus,
Permita que eu tenha na Terra
Um ídolo a quem adorar.
E ai daquele que não erra.
Meu bem-amado
Que me faz triste
Que me desatina
Onde está?
Finda o imenso tormento?
Ou será, dentre tantos que eu tenho,
Apenas uma ilusão
Só um sonho
Da boca pra dentro.