Rua do Mundo
Na minha rua
Oiço
O ruído de plantas a crescer
De cães a ladrar
De crianças a brincar
Incompreensão de par a par
Na minha rua
Discute-se
Grita-se
Dança-se
E vendem-se
frangos e flores aos domingos
Na minha rua
Os contentores
entulham-se de lixo
e os homens entornam-se
de vinho
e de pranto
cada vez mais caro
Na minha rua
É isto que se vê
Sol e sombra
Drogarias e sorrisos
Cortinados a escorrer
Água turva
que teima em secar
Mas
nesta rua
Também há poetas
há esperanças
E pessoas
Que se amam
Também as há.