Coisas de ... palavras
"As palavras
são para mim corpos tocáveis..."
e por aí a diante
como, aliás, dizia o Fernando
(um entre os meus Mestres)
e a quem, regularmente,
cravo uma bênção, sui generis
para a minha pessoa.
.
As bênçãos pedem-se
a vivos e menos vivos
e recebem-se
com mais ou menos fé,
nomeadamente, à flor da pele.
.
De novo:
...palavras - para corpos
como bênçãos à flor da pele
e a questão a ser, por hipótese,
uma forma subtil
de colher-se a vida,
ou esse jeito tão especial,
no fundo, à superfície,
ou sobretudo,
na excelência provável
de se vestir … o que se é.
Envergar trapos, sim!,
em revestir a pele
desses "corpos tocáveis".
.
Ainda mais, de novo:
em cingir malhas, costuras,
tecer frases, textos,
sei lá!,... texturas.
.
Absoluto por ambíguo
como por naturalidade,
é claro!, cada vocábulo
no tecido das palavras,
é claríssimo e tão mais subtil
o vestir os sentidos
do toque, até se possível,
do pleno da rede táctil
que sempre será o destino da poesia.
.
Onde estamos ?
Para começar, estamos,
quem sabe(?), entre
os que dificilmente se furtam
ao sorriso num tempo certo
como pelo intuir
de uma porta secreta
no eco de uma verdadeira voz:
"As palavras são...
corpos tocáveis..."
Pois ... e ao ter-se a porta
porque não exercer
o arrojadíssimo direito de
- destrancar -
e, porque não(?),
dar aquele passo em frente,
que é dar sem perda
é estender braços como ventos
bandeiras como vagas
ou só como asas
na ideia utópica
de, por fim, acreditar.