Das palavras do amor da Virgem

Quem me dera ouvir o talentodo silêncio

fazendo-me calar-se,

soltando à ventania das palavras fugidias,

como as tuas, ainda mais silentes que as minhas,

ousadas, alegres etristes.

Cansei-me da mansa brisa desse convívio separado,

dese teu olhar desavisado do meu,

que não enxerga a cor dos meus desejos sem medos,

diferente dos teus,

tampouco ousa beijar-me abraçadamente

em fervorosa loucura de amor.

Ensina-me, pois, a amar-te e serei completamente teu,

homem,amante ou camarada,

como um aventureiro sem fronteiras

a massagear a geografia do teu corpo,

assim também louco, como o meu.

Quem me dera ouvir o alvoroço dese teu amor escondido,

maldosamente calado,

fracamente distante e ébrio,

diante da solvência de minha consciência em querer-te,

prazerosamente, como um véu a ser rasgado

e molhar minha face com o mais belo sangue de tua inocência.

Peca! espero-te há anos

em um gozoso barulho que não ouves, nem sentes.

Ama-me como eu te desejo, sem teu medo,

sem a treva de tua escuridão indecisa...

Poema inédito(06/03/2018)

Paulino Vergetti