Solta-te!

Solta-te!

Solta-te!

E nasce com a nave vermelha

Que todos os dias mergulha.

E vive!

Vive

A existência de frutos maduros

Ansiando a das folhas perenes

Grita para um povo

Que nunca te ouvirá

Porque não o podes comprar

Dança tudo o que puderes

Tudo o que não embebeda

Mas bebe!

Bebe

E não recuses

Porque a morte não se oferece

Ao primeiro copo que beberes

E quando quiseres dormir

Hiberna

Tudo o que tiveres comido será teu leito

Tudo o que tiveres corrido será teu sono

E sonha!

Sonha

Aí então

Sem nada para fazer.

Não olhes

Não penses

Se for estranho fazê-lo

Mas se quizeres,

Embala-te com a certeza

De tua idade

E verás

Tudo o que não bebeste

Tudo o que não viste

Tudo o que não sentiste

Nada vale

Por ser transitório

O que marca

Magoa ou surpreende

E assim sonharás

Feliz por ter bebido

E nunca terás mentiras

O que aconteceu para ti

Aconteceu para os outros

Que dormem

Os despertos

Nunca aconteceram.