BOLHA PULHA.
BOLHA PULHA.
...E do mar a bolha pulha apareceu.
Impura pulha sob o céu e eu.
O tempo nublado e frio.
Minha alegria anoiteceu.
E todo o navio vomitava.
O dejeto que a bolha negra comeu.
Bolha mancha sob o barco.
Donde surgia cravava.
Onde parava sujava.
Onde alegria, alergia.
Cegava o peixe e a enguia.
Do cais até a ponta da barra
E eram tantas caretas.
Que a pulha bolha formava.
Eu procurava um desenho.
Que tinha a minha cara.
Pois eu criei essa pulha.
Na pia da minha casa.
O bico de uma gaivota.
Manchado dessa sujeira.
Trazia o peixe morto.
Pútrido como a morte.
Que a bolha pulha lhe deu.
Nas asas da sua sorte.
Ali não passam os botos.
Não brincam mais os garotos.
É puro lixo e esgoto.
Aquele lado do porto.
Virou pinico do mundo.
Lixeira de vagabundo.
E aquela bolha assassina.
Que a tudo mata, extermina.
Um dia tem que voltar.
Ao seu lugar de origem.
Não ser a América Latrina.
Seguir o curso da vida.
Que os mares da América do Sul.
Não receba dejetos alheios.
Não receba sujeira de ninguém.
Nem lodo dos porões petroleiros.
Que a bolha evapore em alto mar.
E retorne pura como o ar.