BOLHA PULHA.

BOLHA PULHA.

...E do mar a bolha pulha apareceu.

Impura pulha sob o céu e eu.

O tempo nublado e frio.

Minha alegria anoiteceu.

E todo o navio vomitava.

O dejeto que a bolha negra comeu.

Bolha mancha sob o barco.

Donde surgia cravava.

Onde parava sujava.

Onde alegria, alergia.

Cegava o peixe e a enguia.

Do cais até a ponta da barra

E eram tantas caretas.

Que a pulha bolha formava.

Eu procurava um desenho.

Que tinha a minha cara.

Pois eu criei essa pulha.

Na pia da minha casa.

O bico de uma gaivota.

Manchado dessa sujeira.

Trazia o peixe morto.

Pútrido como a morte.

Que a bolha pulha lhe deu.

Nas asas da sua sorte.

Ali não passam os botos.

Não brincam mais os garotos.

É puro lixo e esgoto.

Aquele lado do porto.

Virou pinico do mundo.

Lixeira de vagabundo.

E aquela bolha assassina.

Que a tudo mata, extermina.

Um dia tem que voltar.

Ao seu lugar de origem.

Não ser a América Latrina.

Seguir o curso da vida.

Que os mares da América do Sul.

Não receba dejetos alheios.

Não receba sujeira de ninguém.

Nem lodo dos porões petroleiros.

Que a bolha evapore em alto mar.

E retorne pura como o ar.

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 05/09/2007
Reeditado em 30/06/2011
Código do texto: T640126