Rebento
Meu rebento ainda não veio,
ainda não é, ainda não tem ventre.
Espreita um meio de chegar,
na carruagem de alguma libido coerente
Assim ele espera, pacientemente.
Repousa no berço imaginário em que minha cabeça gira.
Meu rebento dorme em algum lugar
e é cedo talvez pra despertá-lo,
não tem tempo, não tem rosto,
não fulguras nem esboço.
Minha quimera terá meu sangue
e alguns trejeitos como lembrança,
somado a isto alguns discos, textos, objetos tantos,
Eu a anseio para o mês que vier,
fechando meus olhos e vendo os seus,
a íris, a boca, epiderme e temperança.
Minha doce criatura, pedaço de mim
Definitiva obra, se vier, minha herança,
caso nada mais seja digno de nota