Poema triste e alegre

Cabe ao teu olhar ver minha tristeza,

chorar alegre declamando um triste fado,

como se alegre houvesse algum.

Em noite alegre, cantar o mais inusitado,

no despejo que a saudade costuma dar ao coração

sem saber de certo que mal faz à razão,

todo esse teu amor desperdiçado.

Compreendo até, como se cego eu fosse,

que teus sentimentos moram embaixo d’água,

queimaram-se todos

molhados por impróprias lágrimas,

chocos, encharcados,

como se amar, para teu coração,

fosse água e fogo abraçados.

E este poema evaporou-se,

olhou para nós e foi embora.

Não sorria, não reclame, não chores,

pois o vento, a chuva e a tempestade...

também passam, evaporam...