Eu dizia
Eu dizia, todo dia,
toda hora, sem parar:
Ninguém pode me entender
Ninguém pode me salvar.
Os sonhos que eu sonhei
Aprenderam a voar,
esqueceram o seu ninho
e jamais irão voltar.
Sou só uma criança
se afogando neste mar,
que não sabe o que fazer
que não sabe nem nadar.
Quantas vezes eu dizia:
para quê se levantar?
Se o Tempo nunca pára
e tampouco irá voltar.
Assisti o meu Destino
do outro lado, a passear,
roubando a minha alma
diante do meu olhar.
Tornando a minha vida
uma leve folha ao ar
Consumindo a minha pele
sem ao menos me tocar.
Eu dizia a esta ferida
continue a sangrar,
a do corpo, um dia, passa
a da alma há de ficar.
Eu dizia, todo dia:
Ninguém pode me salvar,
Eu dizia tudo isso
Até eu te encontrar.