O Poço
Caio, caio em um poço tão profundo quanto a imensidão do ser.
Enquanto desço vejo nas paredes as marcas da dor,
Vejo paredes marcadas de tristeza, agonia, sofrimento, angustia.
Caio e continuo a cair, talvez na melancolia do meu ser, até que chego ao fim.
Encontro a escuridão e nela vejo pessoas,
Batendo-se, contradizendo-se, mas não vejo espírito algum.
Procuro a luz e não a encontro, procuro vida e não vejo.
Tenho medo, tenho frio, tenho incertezas, tenho o nada.
De repente, escuto uma voz que me diz ao ouvido:
Olhe para cima...
Quando olho vejo um pequeno fecho de luz,
E a voz me pede para subir e não acho forças.
A voz insiste, suba, suba, pois te darei a força para subir.
Então começo a subir, e na escalada deixo as paredes marcadas.
Vejo marcas de sangue e tijolos arrancados,
Unhas enfiadas as paredes e lágrimas de quem já passou por ali.
Olho, e tudo vai ficando para trás.
Enquanto me esforço para subir, a luz clarea meu ser.
Chego ao topo cansado, exausto,
Inclino minha cabeça e saiu.
Ao sair vejo a inteireza da luz e a imensidão da vida.
Escuto a voz novamente que me diz baixinho,
Como se estivesse sussurrando ao meu ouvido.
Tu escutastes minha voz e por isso conseguistes sair.
E eu te digo, ainda que tu caias dez mil vezes
E escutares minha voz, te tirarei de lá.
E entendi, pelo cair e levantar,
Pela descida e pela subida,
Pelo ser e pelo estar,
Que naquele momento a verdade foi esclarecida a mim,
Pela plenitude da voz de Deus.