O Poço

Caio, caio em um poço tão profundo quanto a imensidão do ser.

Enquanto desço vejo nas paredes as marcas da dor,

Vejo paredes marcadas de tristeza, agonia, sofrimento, angustia.

Caio e continuo a cair, talvez na melancolia do meu ser, até que chego ao fim.

Encontro a escuridão e nela vejo pessoas,

Batendo-se, contradizendo-se, mas não vejo espírito algum.

Procuro a luz e não a encontro, procuro vida e não vejo.

Tenho medo, tenho frio, tenho incertezas, tenho o nada.

De repente, escuto uma voz que me diz ao ouvido:

Olhe para cima...

Quando olho vejo um pequeno fecho de luz,

E a voz me pede para subir e não acho forças.

A voz insiste, suba, suba, pois te darei a força para subir.

Então começo a subir, e na escalada deixo as paredes marcadas.

Vejo marcas de sangue e tijolos arrancados,

Unhas enfiadas as paredes e lágrimas de quem já passou por ali.

Olho, e tudo vai ficando para trás.

Enquanto me esforço para subir, a luz clarea meu ser.

Chego ao topo cansado, exausto,

Inclino minha cabeça e saiu.

Ao sair vejo a inteireza da luz e a imensidão da vida.

Escuto a voz novamente que me diz baixinho,

Como se estivesse sussurrando ao meu ouvido.

Tu escutastes minha voz e por isso conseguistes sair.

E eu te digo, ainda que tu caias dez mil vezes

E escutares minha voz, te tirarei de lá.

E entendi, pelo cair e levantar,

Pela descida e pela subida,

Pelo ser e pelo estar,

Que naquele momento a verdade foi esclarecida a mim,

Pela plenitude da voz de Deus.

TAS
Enviado por TAS em 02/10/2007
Reeditado em 28/06/2013
Código do texto: T677120
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