SÁPIDOS

Não sei o sabor do passo à frente

Mas, não estaciono onde eu travo

Onde minhas pernas prendem em algo

Mesmo invisível

Há décadas que luto

Dia após dia

Em ser feliz

É algo que move, substancia

Envolve, evola, acaricia a alma

Movo-me, às vezes até cambaleando

Falo, mesmo sendo instantaneamente inaudível

Aprecio, mesmo em solo

Querendo ser um duo

Mas, vejo-me cada vez mais adepta da paz

Do sossego

Do amor, do falar com as plantas

Da amplitude dos versos

Que, feito um rio

Correm, chegam até léguas distantes

Mas, que me trazem companhias

Embrulhadas todos os dias

Feito as garrafas no mar

E eu desenrolo com tamanha afeição

Não me permito deixar de sonhar

E sonho aqui, acolá

É tanto sonho e palavras que permeiam

Que não deixam chegar o acalentar de uma decepção

De uma frustração

Se chegam, logo vão

Alimento-me do pão de cada dia

Da esperança, das lembranças

Sou tão farta do que me faz bem

Que não quero sentir e nem alimentar ódio

Hipocrisias, esnobismos, rancores

Até em escrever sinto nos dedos dor

Quero caminhar feito as nuvens

Leves, mesmo cheias

Quero evolar perfume, mesmo tendo espinho

Quero flutuar de amor

No chão, no ar, na água

No suspirar

Não desistirei de ir ao canto

Que me tem... que me tem bem

Quero não parar de sonhar

De sentir

Mesmo que o sabor não seja

O que aprecio

Mas, com tanto perfume, calor, amor

Que encontrei e alimentei em mim

Insípido não fica o passo

(Cleônia)

Cleônia e seu Bornal de Versos
Enviado por Cleônia e seu Bornal de Versos em 18/12/2019
Código do texto: T6821986
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.