A fuga

Entre os labirintos, escalei os muros e saltei fugindo da prisão que confundia a chegada e a partida.

Desprovido de sorrisos caminhei, caminhei ralado, pois em cada salto, em cada fuga, ganho como brinde uma ferida, um corte que logo cicatriza ou não, mas que fica como lembrança da fuga do labirinto.

Às vezes sou pego e jogado lá por olhares que não deveriam ser retribuídos por mim, mas o silenciar nunca foi o meu forte.

Corro na estrada sem fim com o céu firme sobre mim e o chão como o único a me segurar abaixo dos meus pés.

Sigmund Freud já dizia: É impossível enfrentar a realidade o tempo todo sem nenhum mecanismo de fuga.

Criei o meu mecanismo de fuga, mesmo com o sangue a escorrer e deixando rastros para que me apanhe e me joguem lá novamente eu posso gritar nessa longa estrada que: - EU FUGI!

não há celas, não há labirintos, não há amarras que possa me prender enquanto minha imaginação viajar além das grades dessas celas.